De modo geral, somos criados e ensinados a evitar erros. Tentamos eliminá-los a qualquer custo. Claro, ninguém gosta de errar. E mais difícil ainda é ter que assumir que errou. Muitas vezes, conduzimos um projeto, um empreendimento ou uma obra, e quando fracassamos, até mesmo identificar os erros é complicado. Hoje eu vou falar do erro, da importância de errar, do seu significado e, principalmente, da aceitação do erro. Meu nome é Luciano Döll e começa agora o faça diferente, a sua dose semanal de inovação e produtividade.
Prevenção de erros
O mundo industrial, da chamada indústria 3.0, era totalmente orientado a prevenção de erros. A palavra de ordem se chamava controle. Foi neste ambiente que surgiram os conceitos de qualidade total. Os produtos tinham que ser produzidos milimetricamente iguais e os processos de fabricação não podiam ter variação. Erros não eram aceitos. Reinava o padrão, a ordem e o controle. Ocorre que o mundo mudou. Vivemos o mundo pós-industrial. A inovação que era encarada como sobremesa, passou a fazer parte do prato principal. Mas, e aí? O que isso tem a ver com a questão do erro?
Mudar
Todo mundo fala que a gente tem que abraçar a inovação. Mas abraçá-la significa, em primeiro lugar, aceitar a mudança. Mas será mesmo, que a gente é preparado pra aceitar a mudança? Será que mudar é fácil? Falar em inovação é uma coisa, vive-la é outra. Como se diz no automobilismo, chegar é uma coisa, ultrapassar é outra. Hoje em dia, talvez o principalmente erro que alguém ou uma empresa pode cometer é não mudar. Mudar significa se expor, correr riscos e aceitar o erro.
Errar não é fracassar
O maior erro hoje não é necessariamente fracassar. O maior erro é ficar fazendo a coisa supostamente certa por muito tempo. Às vezes, é melhor fazer errado a coisa certa do que fazer certo a coisa errada. Se você perguntar questionar um executivo da Kodak ou da Blockbuster antes da vaca ter ido pro brejo, eles vão explicar que tudo estava certinho na empresa, não havia erros, os indicadores de performance iam bem, os balanços contábeis eram favoráveis. Tudo respeitava um padrão, havia ordem e controle absoluto.
Liderar por contexto
Eu tive um professor de gestão que costumava alertar: o custo da administração tem que ser mais barato do que a ausência da gestão. Mas o que isso significa? O foco excessivo no controle, além de custar caro em termos absolutos, pode acabar com a flexibilidade, com o incentivo a mudança e com a aceitação ao erro. A cultura da Netflix ficou famosa por audaciosamente substituir o controle pelo contexto. Liderar com contexto é dar mais autonomia, para um time, um esquadrão para que haja menos supervisão e, acredite, menos processos.
Aceitar o erro
Voltando a falar do erro, o comportamento que precisamos desenvolver é aceitar o erro. As metodologias ágeis falam muito de experimentação. Menos planos intermináveis e mais ação, mais prática! Eu já citei várias vezes e não canso de repetir a frase do Myke Tyson: “todo mundo tem um plano até levar o primeiro soco na cara”. As startups, por meio dos seus MVPs, os produtos mínimos viáveis, dão cara à tapa, admitem erros, mudam, pivotam, ouvem clientes, validam!
Errar é evoluir
No Brasil, quem costumava colocar o dinheiro que sobrava numa poupança ou renda fixa, está vivendo um dilema. A Selic, taxa básica de juros, hoje é de 2% ao ano. Isso significa que, na média, aplicações conservadoras vão render R$ 2,00 ao ano a cada 100 investidos. Ou seja, uma mixaria. E agora, o que fazer? Não tem outro jeito senão arriscar, partir pra renda variável, ou pelo menos misturar renda fixa e variável. Em outras palavras, é preciso arriscar, é preciso mudar, é preciso errar. Portanto, abrace, valorize e aprecie o erro. Ele é fundamental para sua evolução.