Esta história de robô, máquina e automação já existe faz tempo. Na revolução industrial, nos anos 70, os computadores na indústria foram a sensação do que ficou conhecido como a Indústria 3.0. As máquinas começaram a tomar lugar das pessoas no trabalho em relação às aptidões físicas. Por que um ser humano vai carregar um pallet se um robô pode fazer isso? Porém, na Industria 4.0, no mundo pós-industrial, além das aptidões físicas, a máquina passou a ter aptidões cognitivas. Este é o assunto de hoje.
Trabalho: Aptidões cognitivas
O fato é que enquanto a máquina substituía o homem nas atividades físicas, estava tudo bem. Claro, o alívio era que o ser humano, quando fosse dele exigido aptidões cognitivas, pensar, raciocinar, decidir, seria sempre melhor que a máquina. O problema é que a robótica de hoje não é mais a da revolução industrial. O robô hoje não só carrega pallets, seus algoritmos são capazes de lembrar analisar e reconhecer padrões. E agora? Será que o homem continua sendo tão melhor que a máquina em relação ao trabalho que desenvolve?
Deep Blue
Quer provas mais concretas de que o algoritmo tem aptidões cognitivas? Vamos lá! No dia 10 de fevereiro de 1996, um computador da IBM, chamado Deep Blue ganhou uma partida de xadrez do campeão mundial Kasparov. Repare, isso aconteceu ainda no século passado. Em 2015, agora, recentemente, um programa de computador desenvolvido pelo Google DeepMind aprendeu a jogar sozinho, isso mesmo, sozinho, 49 jogos clássicos do Atári. A propósito, vocês lembram do Atari? Quem, como eu, era fascinado por River Raid, Enduro e pitfall?
Inteligência artificial
Já citei aqui o exemplo de uma fazenda que instalou uma câmera no bebedouro dos porcos para identificar os animais, dando adeus aos brincos de identificação. Você acha que um ser humano faria esta tarefa melhor do que o homem? Outro exemplo: você já precisou recuperar uma imagem de uma câmera de segurança por causa de um sinistro ou algo assim? Você acha que a polícia ou serviços de inteligência usam ou vão usar pessoas para assistir inúmeras horas de gravação em câmeras de vigilância para rastrear criminosos?
Filme Chappie
Vocês já assistiram o filme Chappie? O filme, lançado em 2015, conta a história de uma força policial baseada em androides que são utilizados para combater a criminalidade em Joanesburgo, na África do Sul. Apesar de ser uma ficção e ainda não representar a realidade, substituir o ser humano por uma máquina em situações onde há risco de morte parece algo coerente. Exércitos comandados por algoritmos e drones podem fazer sentido num futuro não tão longínquo.
Algoritmo pode substituir o advogado?
Ainda falando sobre justiça e segurança, e o advogado hein? Será que a profissão corre perigo? Para defender uma causa, um profissional do direito precisa buscar provas, não é? Precisa localizar precedentes, encontrar fatos. E se um algoritmo fizer esta busca? Será ele mais eficiente do que o ser humano? Mais ainda: e quando um scanner cerebral ou qualquer geringonça eletrônica for capaz de revelar mentiras, apontar incoerências em discursos ou expressões faciais? Tão utópico assim?
Uma coisa é certa: antes, havia muitas coisas que somente os humanos podiam fazer. Mas hoje, não. Hoje, robôs e computadores estão assumindo papéis que exigem não só capacidade física, mas também cognitiva. Refletir sobre o futuro das profissões e o futuro do trabalho é, não somente interessante, é fundamental. Na semana que vem, portanto, continuamos a falar deste assunto.