Na semana passada, eu falei sobre a cooperação. Deve ter ficado claro pra você que a cooperação é mais importante que a inteligência. Nós, humanos, dominamos os animais não necessariamente porque somos mais inteligentes, mais sim porque cooperamos muitas vezes melhor do que eles. Grandes revoluções já vividas pela sociedade foram possíveis porque houve um poder de organização, coordenação e comunicação ímpar em alguns momentos da história. Revolução combina com cooperação.
Revolução Russa
Em 1917, as classes média e alta russas eram formadas por aproximadamente 3 milhões de pessoas. O Partido Comunista tinha só 23 mil membros. Mesmo assim, os comunistas assumiram o poder do Império Russo. Como conseguiram? Foram organizados. De 1917 a 1980, os comunistas ficaram no poder. Em 1980, o comunismo caiu. E por que caiu? Assim como subiu por causa da organização, caiu por desorganização.
Revolução na TV
Sabe-se que o comunismo soviético foi destaque porque havia uma associação de partidos comunistas irmãos na União Soviética e na Europa Oriental. Ou seja, havia cooperação. Na Romênia, por exemplo, o ditador comunista Nicolae Ceausescu comandava o país até o fatídico e último discurso em praça pública no dia 21 de dezembro de 1989. 80 mil pessoas estavam no local enquanto outros 75% da população romena assistiam pela televisão o momento em que seu poder ruiu em poucos segundos. O que começou com uma vaia terminou como o dia em que o comunismo ruiu na Romênia.
Cooperação
A força, organização e sinergia fez os partidos comunistas se manterem no poder por mais de oito décadas. Por outro lado, a população romena, organizada, teve mais força ainda pra decretar o fim do comunismo. O objetivo desta análise não é falar sobre o comunismo, nem de regimes ditatoriais. Também, não quero me ater nem tenho condições, confesso, de analisar como ficou a Romênia, depois do comunismo. Meu destaque vai para o poder de associação, colaboração e coordenação que fez o sistema emergir e ruir.
Primavera árabe
Outro fato da história e este mais recente, em 2011, foi o que ficou conhecido como a Revolução Egípcia ou Primavera Árabe. O Egito era dominado pelo ditador Hosni Mubarak, há 30 anos, que a propósito morreu agora no começo de 2020. Influenciados pelo fato do presidente da Tunísia ter sido derrubado há pouco tempo, os egípcios iniciaram uma onda de protestos pedindo o fim da ditadura, a abertura política e a democracia.
Dia da revolta
O dia 25 de janeiro de 2011 ficou conhecido como o dia da revolta. Um pouco diferente da Romênia, no Egito, as manifestações começaram neste dia e seguiram por alguns dias. Diversas ruas nas principais cidades foram tomadas por manifestantes organizados. Mas olha só as semelhanças. Na Romênia, milhares de pessoas foram para a praça, enquanto a população assistia pela televisão. Quando o bicho pegou na praça, os comunistas e a polícia ordenaram que a transmissão fosse interrompida, mas não adiantou.
Organização
Já no Egito, em 2011, além da TV, havia dois fortes aliados da democracia: o facebook e principalmente, o twitter. Estas mídias ajudaram as massas a coordenar suas atividades e dar fim ao regime ditatorial de Mubarak. E aqui está uma das mais, senão a principal conclusão desta análise. A coordenação e a associação permitiram que duas organizações, facebook e twitter, se tornassem umas das mais poderosas marcas do planeta. Além disso, também fizeram com que outras organizações, usando exatamente estas mídias sociais, pudessem aumentar o seu poder, causando revolução e usando uma competência em que o ser humano é formidável: a cooperação.