Aproveitar a portabilidade de uma música sempre foi um antigo sonho nosso. Em 1979, ano em que eu nasci, a Sony lançava no mercado um produto que influenciaria várias gerações seguintes. O walkman, conforme o seu próprio nome, sugeria que as pessoas pudessem ouvir música enquanto caminhavam. Hoje então eu quero falar sobre os padrões de consumo, a evolução e a portabilidade da música ao longo do tempo.
Música: walkman e discman
Em 1986, a palavra walkman foi incluída no dicionário como um termo de uso geral, tal como Xerox e Gilette. Dois anos antes disso acontecer, a mesma Sony experimentava um novo produto para o mesmo público. Desta vez, no entanto, o Discman prometia a mesma portabilidade, porém com a qualidade do CD. Não precisava mais rebobinar uma fita com uma caneta bic. Tudo era digital. Todavia, havia um preço: os aparelhos consumiam muita pilha e eram mais pesados que o walkman. Mesmo assim, o CD-ROM suplantou as antigas fitas-cassete.
MiniDisc
Pouco tempo depois, a mesma Sony lançaria no mercado os chamados MiniDiscs. Mais portáteis, eles permitiam, além de reproduzir músicas, gravá-las com facilidade. Além disso, eram mais resistentes que os CDs. Tinha tudo pra ser um sucesso, mas não foi. Talvez você, tal como eu, nunca tenha tido um aparelho pra tocar MiniDiscs. Um dos motivos do fracasso foi a Internet que chegou logo em seguida no Brasil, por volta de 1995. O custo da memória também caiu, permitindo que as pessoas estocassem músicas nos seus computadores.
Napster
Chegou então a era Napster, um software de compartilhamento de arquivos P2P, ponto a ponto, fundado em 1999. Era um samba do crioulo doido. Passávamos horas na frente do computador selecionando as melhores faixas. Não era mais necessário ouvir somente as músicas de um único álbum ou cantor. Abarrotávamos nossos pendrives com as músicas MP3. Não demorou muito para que a indústria fonográfica acabasse com a festa. Dois anos depois, em 2001, após vários problemas judiciais, o serviço foi fechado.
Ipod e Itunes
Após o declínio da Sony, foi a vez de outra empresa ressurgir das cinzas, tendo como trampolim exatamente este mercado. Em 1997, Steve Jobs, após ter sido demitido da empresa que fundou 10 anos antes, volta a Apple. Em 2001, Jobs apresenta ao mercado o MP3 Player da maçã, o Ipod. Junto com o aparelho, a empresa emplaca a iTunes, a loja de músicas que deu um alento para a indústria fonográfica, pois as pessoas compravam suas faixas preferidas ao invés de piratearem usando o censurado Napster. Apesar de caro e ser baseado na tradicional arquitetura fechada que a Apple tanto prega, o Ipod reinou absoluto por alguns bons anos.
Streaming
E a história recente da portabilidade musical você deve conhecer, né? Não compramos mais músicas, nem fazemos download delas. Por meio do serviço de streaming, entretanto, e com a consolidação da internet de fibra ótica, assinamos um serviço de músicas, tal como o Spotify, que foi lançado em 2008. Até julho de 2019, o Spotify tinha um acervo de mais de 30 milhões de músicas, com 232 milhões de usuários ativos, sendo 108 milhões de assinantes pagantes. O produto virou, portanto, serviço. Não compramos CD, nem pendrive. Assinamos um serviço. Aderimos a economia da recorrência. O spotify virou commoditie tal como luz e água que pagamos todo mês em nossas casas. A Sony desbravou, a Apple consolidou e o Spotify lidera atualmente. Quem será o próximo protagonista desta história?