De ideais, o cemitério tá cheio. Todo mundo tem ideia, aos montes, de todo tipo. Em primeiro lugar, quem consegue tirar a ideia do papel? Em segundo lugar, dos que conseguem tirar do papel, quantos criam algo realmente de valor, com senso de utilidade e benefício para as pessoas? Neste post, eu quero focar na segunda questão. O assunto de hoje, então, é a produtividade criativa.
Produtividade criativa
Bem, primeiramente, qualquer pessoa que deseje criar algo de valor, precisar ter ideias. E não basta uma ideia só. A chance de produzir uma ideia brilhante é diretamente proporcional ao número total de ideais geradas, já dizia o psicólogo Dean Simonton. Sendo assim, para criar meia dúzia de obras-primas, Mozart compôs mais de 600 obras antes de morrer, aos 35 anos. Dean Damen, da Segway, dizia que é necessário beijar um monte de sapos até encontrar um príncipe.
Não tenha medo de errar
Mas para isso, precisamos aceitar o erro como algo comum. Não podemos ter medo de errar. Costuma-se dizer que o mundo é beta, ou seja, está em contínuo processo de construção. Feito, portanto, é melhor do que perfeito. Nada é acabado, nada é perfeito. Empresas não nascem sendo perfeitas. Como disse Aristóteles, perfeição não é um ato isolado. Perfeição é um hábito. Gosto de uma frase de Scott Adams: criatividade é se permitir cometer erros. Arte é saber quais deles aproveitar.
Valide a ideia
Existe um mito que quando a gente tem uma ideia, a gente tem que esconder, não contar pra ninguém. Isto, entretanto, é a maior bobagem que existe. Ideia tem que ser validada. Com efeito, a melhor maneira de avaliar nossas ideias é por meio do feedback. Se você teve uma ideia, as pessoas precisam experimentar. No Scrum, a mais difundida metodologia ágil para gestão de projetos, existe um cara no meio da equipe chamado product owner, o dono do produto, que vai sempre questionar se o projeto tem valor para o cliente.
MVP
E como saber se algo tem valor para o cliente? O cliente precisa validar. E como o cliente vai validar? Para isso, é necessário sempre que haja um protótipo. A ideia tem que ser testável. Os startupeiros gostam de chamar isso de MVP, ou produto mínimo viável. Nada mais é do que a ideia transformada em algo concreto, com menor esforço possível, mas suficiente para que alguém valide, experimente e opine. Comediantes testam suas piadas no palco. Blogueiros tuítam suas ideias antes de transformar em longos posts de blog. O MVP é essencial na produtividade criativa.
Na prática, esta postura evita que a gente perca tempo com algo que é infrutífero ou que as pessoas não percebam valor. Você, por acaso, já teve alguma ideia e achou que ia mudar o mundo com ela, mas no fim, ninguém deu muita bola? Não fique triste, isso é comum. Já está provado há muito tempo que costumamos ser superconfiantes quando julgamos a nós mesmos. Ao conceber uma ideia, estamos, no entanto, quase sempre próximos demais de nosso próprio gosto e, via de regra, distantes do gosto do público.
Criação é um processo social
Tenha cuidado, também, com planos intermináveis de criação. Não sou contra fazer planos. Ao contrário, adoro planejar, mas não adianta ficar fazendo planos e mais planos e nunca executar. Além disso, você só consegue testar o que planejou quando o jogo começa. Gosto de uma frase que é atribuída a Mike Tyson: Todo mundo tem um plano até tomar o primeiro soco na cara. Em resumo, boas ideias para se transformarem em grandes feitos, precisam, além de sair do papel, terem valor, serem úteis, práticas e adoradas. Criação é um processo social, de pessoas para pessoas. Isto é produtividade criativa.